Lago da Memória - Legião Urbana e suas referências: Aspas

14.9.07

Aspas

Renato:
"A minha música favorita é Daniel na Cova dos Leões, porque tem um fundo que eu acho bacana... ... tem todo um tapete sonoro que é feito pelos teclados enquanto que a guitarra fica num contraponto e de repente explode num solo que é super distorcido e no final entra o piano... ...de um lado da caixa o piano acústico, piano realmente, e do outro lado um tema parecido, em contraponto ao que tá acontecendo na melodia, mas com teclados eletrônicos." (em depoimento gravado na versão cassete do disco Dois, que inclui uma primeira versão oficial para Química. 1986)

Ao ser entrevistado por Leoni para o livro Letra, Música e Outras Conversas, Renato explica o porquê do nome da música:
“É a situação da pessoa que está encurralada e tem que provar alguma coisa. É sobre ter que lidar com uma sexualidade que não é aceita. Tem aquelas imagens de ser barco a motor e usar remo (...) A imagem é essa: Daniel é inocente e é colocado no meio dos leões, só que os leões não o comem. Ele acalma os leões”.

"Essa agora, é sobre uma coisa que é muito boa, mas, que no momento está sendo meio difícil. É sobre sexo." (Show no Maracanãzinho/ RJ - 15/06/1988 - 14/07/1988).

"Se você faz rock - ou tenta fazer, porque não sei se a gente faz -, você vai sempre ter características do meio musical onde está. Daniel na Cova dos Leões, por exemplo, é um baião. Não foi uma procura de fusão, algo arquitetado por nós. Mas, vimos depois, surgiu naturalmente." (1988 - transcrito do livro Renato Russo de A a Z)

(Falando sobre a relação entre as letras da Legião e a sua homossexualidade"...Mesmo assim, as pessoas confundem. Maurício não é uma música gay. O personagem fala na primeira pessoa. E isso não surgiu com Meninos e meninas. Daniel na Cova dos Leões, do segundo disco, já falava sobre sexo oral." ((1995) transcrito do livro Renato Russo de A a Z)

----------
Trecho de Renato Russo: O Trovador Solitário (Arthur Dapieve)
"... A ausência de compacto [antes do primeiro disco, Legião Urbana] era fortuita. Havia uma música levada só no sintetizador e na bateria eletrônica, sem letra ainda, bem dançante. Rondeau [José Emílio, produtor do primeiro disco] ficou empolgado e a levou para Mayrton Bahia ouvir [também produtor]. Os dois pensaram em lançá-la como single à frente do primeiro LP. Quando essa idéia foi exposta à banda, a resposta foi (então) surpreendente: todos se recusaram a finalizar tal faixa, argumentando que ela daria uma falsa idéia do que era a Legião, que a Legião não era uma banda de sintetizador e bateria. Foi arquivada. Transposta para os roqueiros guitarra, teclados, baixo e bateria no segundo LP, ela ficaria conhecida sob o nome de Daniel Na Cova dos Leões. E assim Legião Urbana ficou sem single..." (pág.:73)

Trecho de Depois do Fim - Vida Amor e Morte nas Canções da Legião Urbana (Angélica Castilho e Erica Schlude)
"...Daniel na Cova dos Leões é uma letra que aborda a identificação total com o outro. Fazendo alusão ao texto bíblico do mesmo nome, a letra constitui-se em uma oração ao amor. É este que guarda o eu dos perigos, mas que também o devora como os leões as suas presas..." (pág.: 154)
¨...O eu-lírico de "Daniel na Cova dos Leões estabelece distinções entre razão e emoção: "Mas, tão certo quanto o erro de ser barco / A motor e insistir em usar os remos, / É o mal que a água faz quando se afoga / E o salva-vidas não está lá porque não vemos"... ... Nesse último verso, há uma ressemantização do ditado popular "o amor é cego", o que reitera a proposta romântica de entrega absoluta aos sentimentos..." (pág.: 155 e 156)

Alexandre Matias (jornalista)
"... O antisolo de guitarra é o último adeus ao pós-punk, cujo caixão na carreira do grupo é fechado com o pesado acorde de piano que "mata" a primeira fase do grupo.
"HISTÓRIA DO ROCK - DOIS - Legião Urbana"

Marcadores: ,